PROFECIAS E ADIVINHAÇÃO NA ANTIGUIDADE

No mundo greco-romano, todos os templos tinham as suas profetisas, por intermédio das quais os deuses se comunicavam com os homens e revelavam o futuro.

Texto de Bira Câmara

Quando se mergulha no estudo das religiões da antiguidade, salta aos olhos as relações estreitas que elas mantinham com a adivinhação e a magia. Ao contrário do cristianismo, que desde o berço olhou com suspeita para essas práticas e combateu-as vigoro­samente, as religiões pagãs praticamente as instituciona­lizaram, e suas castas sacerdotais conviviam sem animosidade com os adivinhos e profetas autônomos. A crença nas artes divinatórias era tão grande que em Roma elas faziam parte das instituições nacionais, através de um colégio de adivinhos (os áugures) formado por membros do Senado e com o imperador como seu pontífice máximo. Em muitas situações de crise, profecias e predições podiam ser manipuladas por razões políticas. 

Pagãos versus Cristãos, uma polêmica do século II

Pouco conhecido nos dias de hoje,
Discurso Contra os Cristãos de Celso, escritor latino do século II d.C., é um texto fundamental para quem estuda religião comparada e a história do cristianismo.


O Discurso Verdadeiro Contra os Cristãos foi escrito por volta do ano 178. Seu autor, o filósofo romano Celso, escreveu-o numa época de intensa atividade religiosa, quando começavam a travar-se os primeiros duelos literários entre os cristãos e os pagãos cultos. Sua obra não só combatia o cristianismo, mas procurava demonstrar que os cristãos estavam errados ao se negarem a praticar a religião tal como a encontraram. 

Serpentes, mensageiras do destino

Na cultura judaico-cristã a serpente simboliza o mal, o pecado, a traição, e ficou associada ao demônio, mas entre vários povos do mundo antigo era considerada um animal sagrado e profético por excelência.


Texto de Bira Câmara

Apocalipse: um cavalo de tróia no Cristianismo?

Um livro publicado em 1832 comprova que o Apocalipse nada mais é do que um pastiche de profecias tiradas do Velho Testamento, junto com elementos da simbologia astrológica dos caldeus. Apesar da resistência de muitos doutores que suspeitaram da identidade do seu verdadeiro autor e de sua matriz pagã, ele  acabou se tornando texto canônico da Igreja, inspirando os mais desvairados delírios milenaristas ao longo do tempo.Pode-se afirmar com razoável grau de certeza que o Apocalipse é um corpo estranho ao Novo Testamento, verdadeiro cavalo de Tróia introduzido nele por um suposto profeta que se fez passar por São João evangelista. Entre os primeiros cristãos, muitos doutores da Igreja ignoraram o texto, alguns o criticaram e até o refutaram integralmente, considerando-o destituído de sentido e de razão. Houve quem atribuísse a sua autoria ao gnóstico Cerinto (c. 100).


Texto de Bira Câmara