Raymond Lulle

Escritor, astrólogo e alquimista nascido na Catalunha, Raymond Lulle (1232-1315), cognominado “O Iluminado”, escreveu um dos textos mais curiosos do período escolástico, “Ars Magna” (Arte Magna). É uma das figuras mais românticas do ocultismo do século XIII, cuja fama desafia o tempo. 




Sobre ele contam-se muitas lendas; diz-se que se apaixonou na juventude por uma mulher casada e que esta o dispensou gentilmente dizendo-lhe que a paixão dele era tal que levaria uma eternidade para acabar. Por causa disso ele teria resolvido se dedicar por trinta anos à busca alquímica do elixir da longa vida. Segundo a lenda, Lulle descobriu esta poção mágica e a bebeu, conquistando a imortalidade. No entanto, quando procurou sua amada para compartilhar com ela o elixir, encontrou-a muito doente e esta lhe disse que só a morte lhe traria consolo. De tanto desgosto, Lulle teria se convertido ao cristianismo, vagando pelo mundo e desafiando deliberadamente a fé islâmica na esperança de que o matassem. Mas, como se tornara imortal, sempre acabava sobrevivendo. Só conseguiu lograr o seu intento com idade avançada, depois de ter alcançado grande reputação como evangelista. Conta-se que Deus se apiedou dele e permitiu que morresse apedrejado...

O que se sabe de fato a respeito desta figura enigmática mistura-se à lenda, mas é provável que tenha sido casado e tornou-se frade aos trinta anos. Foi amigo de Dante Alighieri e, quando este esteve em Paris para defender sua tese na Sorbonne teria dado a Lulle um manuscrito cabalístico sobre o Inferno. Evocado como um dos precursores do teosofismo moderno, escreveu mais de 120 obras. Devido a penetração de suas idéias nas camadas mais cultas da época, teve seus livros condenados por uma bula papal em 1376.

Sua fama de alquimista levou o rei Eduardo II, da Inglaterra, a convidá-lo para uma estadia na sua corte, quando já beirava os setenta anos. Segundo Simon de Phares, Lulle teria descoberto a pedra filosofal e produziu ouro para este rei, com a condição de que fizesse a guerra contra os infiéis. O alquimista se ofereceu para fabricar todo o ouro e prata que necessitasse, mas o rei não cumpriu sua promessa encerrando-o numa fortaleza e obrigando-o a trabalhar à força. Ainda segundo este autor, a fortuna dos nobres da Inglaterra desta época deve-se ao ouro de Lulle... O alquimista foi libertado do cativeiro pela intercessão de Roger Bacon, que era seu amigo e tinha muita estima por ele.

Fontes:

Eileen Campbell e J. H. Brennan, “Dicionário da Mente, do Corpo e do Espírito”, Ed. Mandarim, 1997
Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, Ed. Verbo, Lisboa, 1984
Symon de Phares, “Recueil des plus célebres astrologues et des hommes doctes”, Honoré Champion Éditeur, Paris, 1929

Um comentário:

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